Widow in black - loneliness - 2005 |
Take five - break in work - 2001 |
Para examinar um quadro, é
necessário um esforço maior, uma operação mais complexa. Foi realmente o pintor
— ou o escultor — quem efetuou por nós a operação acima descrita. É, portanto,
a solidão da pessoa ou do objeto representado que nos é restituída, e nós, que
olhamos, para percebê-la e sermos tocados por ela, devemos ter uma experiência
não da continuidade, mas da descontinuidade do espaço.
Cada objeto cria seu espaço infinito.
Se olho o quadro, como disse, percebo-o em sua solidão absoluta de objeto como
quadro. Mas não é isso que me preocupa. E sim o que a tela deve representar. O
que eu quero apreender em sua solidão é simultaneamente essa imagem que está
sobre a tela e o objeto real que ela representa.
Devo então primeiro tentar isolar em
seu significado o quadro como objeto (tela, moldura etc.), para que ele deixe
de pertencer à imensa família da pintura (mesmo que retorne mais tarde) e que a
imagem sobre a tela se ligue à minha experiência do espaço, ao meu conhecimento
da solidão dos objetos, dos seres ou dos acontecimentos, como descrevi acima.
Quem nunca ficou maravilhado com
essa solidão, não conhecerá a beleza da pintura. Se disser o contrário, mente. (de Jean Genet, in “O ateliê de Giacometti”)
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